Os ponteiros estão parados. Suas palavras rasgando meus pulsos e ouvidos,seus bilhetes envenenando minha geladeira de vidro,eu muito bem guardada no pote,você muito certo do jornal das seis.Eu quase grávida do Pedro,você mais sem graça que feriado na terça.Os ponteiros estão sumindo, anônimos para meus olhos. Resolvo cortar sua língua, cortando assim o meu corpo,eu respirando esse maldito vício, você embalando um filho, esse vinho parecendo sangue,eu secando.Esse sorriso quase mórbido,nossos corpos juntados as montes,salvos pelo vinculo. Os abutres rondando pertences, o chaveiro já mudou de porta, e cópia,essa ficou suspensa por esse mês.Nós sucumbimos.Indicativo do perfeito.Pode não ser o seu,mas será o nosso.Pode não ser o Pedro,que é filho do Jorge.Pode não ser Maria,ela veio comigo.Pode constituir um advogado,caso desfeito. Você errou na hora exata,no segundo atrasado,no lançamento errado das palavras.Eu,eu até sinto-me culpada,mas pensando rasteiro,não sinto nada.
Os ponteiros estão voltando ao lugar,eu fico,estou cansada de movimentos bruscos.
Os ponteiros estão errados,eu sei.Falta muito.Sempre falta.
Cecília Tavares
08.09.2010

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