sábado, outubro 24, 2009

Inspiração---corredores--Ana.



[Eu cantei,




Sorri,

Amei.

Tanto.]



Já me refiz.

Andei.



Sonhos...



Só não me repeti,

Refiz planos.



Quando te amei, e não amei somente a mim,

Foi puro engano.



Já não estava em mim.



Lutar já nasceu em mim,

Secretos enganos.



Amei demais, só por falta de um outro alguém...em mim.



[Cantei,

Sorri,

Amei.

Tanto.]



Me convenci dos teus “eus” estranhos...Foi por falta de alguém em mim...

Secretos enganos.





Você que desvendou a minha alma,

Fugiu com os sonhos,

Dilacerou os planos...





Você que me amou tanto,

Já me refiz,

Dos seus enganos.



[Nunca estivemos só,

Te dei meus “eus”

Somente meus...


Secretos enganos.]

 
 
cecília tavares
13:05
24/10/2009

sexta-feira, outubro 23, 2009

Nada Além



frejat










Você não quer ver nada além do seu umbigo


E eu quero ver o que há depois do perigo


Você acha que ninguém sofre mais do que você


Talvez porque não saiba ao certo o que é sofrer


Ando pelas ruas cheirando a fumaça dos motores


Enquanto você fantasia suas dores de amores






Você não quer ver nada além


Que ninguém ensina nada a ninguém


Você não quer ver nada além


Que ninguém ensina nada a ninguém






Você não quer ver nada além do seu mundinho


E eu prefiro escrever meu próprio caminho


Você acha que ninguém sofre mais do que você


Talvez porque não saiba ao certo o que é sofrer


Você sonha ser princesa em castelos fabulosos


Enquanto eu vago na cidade entre inocentes e criminosos






Você não quer ver nada além


Que ninguém ensina nada a ninguém


Você não quer ver nada além


Que ninguém ensina nada a ninguém






Fique com os seus bonsais, seus haicais


Sua paz, suas flores, seu jardim de inverno


Se isso é céu


Eu prefiro meu inferno






Porque você não quer ver nada além


Que ninguém ensina nada a ninguém


Você não quer ver nada além



Que ninguém ensina nada a ninguém











segunda-feira, outubro 19, 2009


A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos, os seus rostos envolvidos pela sombra. Sua beleza é triste e nostálgica porque, sendo moradores da alma, sonhos, eles não existem do lado de fora. Vez por outra, entretanto, defrontamo-nos com um rosto (ou será apenas uma voz, ou uma maneira de olhar, ou um jeito da mão...) que, sem razões, faz a bela cena acordar. E somos possuídos pela certeza de que este rosto que os olhos contemplam é o mesmo que, no quadro, está escondido pela sombra. O corpo estremece. Está apaixonado.



Acontece, entretanto, que não existe coisa alguma que seja do tamanho do nosso amor. A nossa fome de beleza é grande demais.(...)Cedo ou tarde descobrirá que o rosto não é aquele. E a bela cena retornará à sua condição de sonho impossível da alma. E só restará a ela alimentar-se da nostalgia que rosto algum poderá satisfazer...






Rubem Alves