Bem, quem pode conhecer um “eu do sou”, sabe que escritos são mudanças. Não sou comum, mas incomum não é uma palavra no meu dicionário. "Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira." (Carlos Drummond de Andrade)
sexta-feira, dezembro 17, 2010
domingo, dezembro 12, 2010
Todas as forças
A menina conta, os velhos contam, as mulheres africanas evocam.
Aos orixás peço licença poética,
Aos ancestrais irmãos peço sua dança,
Aos meninos cristãos peço sua devoção.
Eu canto, tu cantas, elas fazem seus rituais.
Os guerreiros negros suas forças,
As mulheres pretas suas armas,
A Iansã proteção.
Os pais, filhos e irmãos convocam para libertação.
Vamos ouvir os cantos,
Vamos ouvir os brancos,
Vamos sem medo pisar este chão.
Vamos nos dar mãos de cores distintas,
E na hora do eco
Uma só benção!
Cecília Tavares
12.12.10
O vento
Por passa o vento tudo exala.
Conta da miséria que não deixou a casa ser terminada.
O vento tudo conta.
Conta da fome que se fez mais fome,
Conta da sorte que não estava predestinada.
Para o vento tudo é migalha.
A pobreza tem cheiro.
Cheiro da água que não vem, do marido que não tem, da barriga engravidada.
Cheiro do cheiro da alma.
Até a saudade dói mais,
A farinha ficou escassa.
Até a menina é mulher mais cedo.
O vento tudo fala.
A pobreza não dormiu,
A pobreza fica na espreita, na espera anunciada.
Mais um dia passa. Só fica a coragem sertaneja.
O vento tudo espalha.
Cecília Tavares
12.12.2010
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