sábado, outubro 03, 2009


Amanhece.

Abro os olhos e vejo repousado ao meu lado um corpo de mulher.

Descoberta de suas vestes como um campo tornado deserto.

Desprotegida em sua nudez como as falésias devoradas pelas ondas.


Não consigo me lembrar de mais nada. Apenas de ter me cegado com o brilho das estrelas do céu, da sua boca.

Minhas mãos não conseguem se mover.

Se tocá-la, certamente descobrirei que tudo transcorreu no onírico.

Nos minutos sucedentes, meu tempo petrificou.

Quando a posição desconfortavelmente inerte começou a formigar meu corpo,

resolvi atestar a veracidade do oásis.


Minha sede começou a se tornar insaciável em meio aquele deserto de dunas acentuadas em curvas.

Ao mais calmo toque das minhas mãos, ela despertou.

Ficou espantada ao ver que tinha amanhecido.

Levantou-se e se vestiu apressada.

Antes de abrir a porta para até outro dia quem sabe, ela sorriu.


As estrelas estavam ofuscadas pelos raios de sol.

..

Logo após, retornei à órbita terrestre e saí do quarto com o coração mais leve..;

quinta-feira, outubro 01, 2009




Ontem, no programa do Jô, a cantora Simone esteve presente.
Grata foi à surpresa de ver que ela está com um novo trabalho.
Há tempos não faz uma “reunião” de boas melodias ainda inéditas. Apenas três, das doze musicas que compõe o Cd são regravações. Que fazem por merecer assim serem.
E a canção que é uma resposta para a já consagrada Proposta
De Roberto Carlos
, que não vou fazer referência como rei. Não acredito que ele seja. É uma parceria de Simone e Hermínio Bello de Carvalho, que emocionou o simpático gordinho das madrugadas.
Para os que gostam de ouvir, sentir, imaginar e desfrutar de boas canções no campo da MPB fica a dica.



Confira a relação completa de faixas de Na veia, álbum produzido por Rodolfo Stroeter e Simone:




Love (Paulo Padilha)


Certas noites (Dé Palmeira e Adriana Calcanhoto)


Migalhas (Erasmo Carlos)


Na minha veia (Zé Catimba e Martinho da Vila)


Bem pra você (Marina Lima e Dé Palmeira)


Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaga Jr)


Hóstia (Marcos Valle e Erasmo Carlos)


Pagando pra ver (Nonato Luis e Abel Silva)


Vale a pena tentar (Simone e Hermínio Bello de Carvalho)


Ame (Paulinho Da Viola e Elton Medeiros)


Definição da moça (Adriana Calcanhoto e Ferreira Gullar)


Deixa eu te amar (Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva)






Vale a pena tentar (Simone e Hermínio Bello de Carvalho)




Talvez eu te proponha a coisa certa


No caso a questão é se tentar


Mas sempre que eu deixei a porta aberta


Você veio correndo pra fechar
E eu fico sem vergonha me arrastando


E sem ter por que


As vezes que te penso não são poucas


E as noites que não durmo são bastantes


As vezes que recordo são constantes


E as vezes que não volto sofro mais
Você me amedronta e me apavora


Não sei por que


Me deixa ocupar a tua insônia


Me deixa devastar teus pensamentos


Me deixa percorrer teus sentimentos


Até me exaustar
Talvez eu te proponha a coisa incerta


Mas sempre vale a pena se tentar

quarta-feira, setembro 30, 2009


Timidez


Basta-me um pequeno gesto,feito de longe e de leve,para que venhas comigo

e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.


Uma palavra caídadas montanhas dos instantes desmancha todos os mare se une as terras mais distantes...


- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,entre os ventos taciturnos,apago meus pensamentos,ponho vestidos noturnos,- que amargamente inventei.


E, enquanto não me descobres,os mundos vão navegando nos ares certos do tempo,até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.


Cecília Meireles

terça-feira, setembro 29, 2009

Os nossos olhos vidrados de mistério....


Amando Sobre os Jornais
Chico Buarque


Amando noites afora
Fazendo a cama sobre os jornais
Um pouco jogados fora
Um pouco sábios demais
Esparramados no mundo
Molhamos o mundo com delícias
As nossas peles retintas
De notícias
Amando noites a fio
Tramando coisas sobre os jornais
Fazendo entornar um rio
E arder os canaviais
Das páginas flageladas
Sorrimos, mãos dadas e, inocentes
Lavamos os nossos sexos
Nas enchentes
Amando noites a fundo
Tendo jornais como cobertor
Podendo abalar o mundo
No embalo do nosso amor
No ardor de tantos abraços
Caíram palácios
Ruiu um império
Os nossos olhos vidrados
De mistério

segunda-feira, setembro 28, 2009


Todo amor que houver nessa vida
(Cazuza)

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo

Com sabor de fruta mordida

Nós na batida, no embalo da rede

Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum trocado pra dar garantia

Que ser artista no nosso convívio

Pelo inferno e céu de todo dia

Pra poesia que a gente não vive

Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondidaT

e alcanço em cheio, o mel e a ferida

E o corpo inteiro como um furacão

Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida

Todo amor que houver nessa vida

E algum remédio pra dar alegria