sexta-feira, setembro 11, 2009

O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.


“Quero saber, entre todas aquelas que eu sou, quem é a chefe, quem manda dentro de mim."(Divã)Martha Medeiros



Pensando nessa frase, eu refleti sobre mim, sobre a Cecília que me guia, que me mostra verdadeiramente como sou.
E essa mulher de estatura mediana, cabelos castanhos, olhos grandes e com muito brilho, brinca de ser criança, ousa ser mulher, alimenta esperanças, constrói sonhos, destrói ilusões.
Essa mulher que cresce dentro de mim, tem vinte anos, mas com uma mente de idade não registrada em cartório, mas em sentimentos.
Fui deixando espaços, campos minados, estádios cheios de lembranças...
Tenho um apego imoral por minhas histórias, por minhas poesias, por minhas mulheres, pelos meus guias.

Sou quase sempre, tímida.
Amante, amiga, filha, curiosa, poetisa...
Mas o meu papel mais marcante é ser Cecília.
Há tempos vivemos vidas não vividas. Tudo é muito rápido, efêmero.
Tudo é para ontem, os sentimentos são mais passageiros que um resfriado.
As pessoas ficam... O tempo passa.
E como saber ser única, verdadeiramente singular é o maior desafio.
Os poetas dizem: “Todos são insubstituíveis.”
Por que temos que substituir alguém?
Por que essa necessidade barata?
Realmente somos insubstituíveis?
Tantas perguntas, poucas respostas.
O único detentor dessas afirmações e negações é o tempo.
Só ele nos cerca de verdades e mentiras.
Ilusões e estórias hollywoodianas.
E se eu pudesse filmar a minha vida, Chico Buarque seria tão presente com suas canções, como
As noites e dias.
Djavan, Maria Bethânia, Cazuza, Isabella, Ana... Tantos...

E ao pensar em quem é a "chefe”... Rs.
Me descobri tão parte de muitos, que não sou eu ...sozinha.
Tenha um pouco de todos que passaram na minha vida.
E é uma satisfação muito particular ser assim.
Porque o hoje é a moldura do amanhã,
A semente dos novos galhos,
O germinar de outras vidas.

E sabe de uma coisa?
Não quero me conhecer tão a fundo... Prefiro a descoberta diária.

O sorriso novo. A pele fresca na manhã que se anuncia, O bom humor, o mau humor, a vida corrida, o tempo pra um bom livro, uma noite fazendo amor, sexo, uma cantoria no chuveiro, um buquê chegando no final da tarde, um
Pôr - do -sol na torre malakoff,ou á beira mar de Boa viagem,um jantar sem a luminosidade das velas,mas com um brilho mais que intenso de olhares.
Quero uma mão delicada, com um suave toque, quero uma boca ardente em contato com os meus lábios, Quero um pouco de tudo... Pra saber o que não significa nada. E o que é mais válido na vida.




quarta-feira, setembro 09, 2009

Por quê?
Se não há medalhas nem troféus?
Se não tem torcida, aplausos nem hinos de vitória?
Só o silêncio.
Por quê, então, se não há dinheiro nem contratos?
Se não tem flashes, câmeras nem pódios… nem glórias?
Talvez só uma luz.
Onde estão as pistas, os campos, as quadras, os estádios?
Onde estão os adversários, os rivais?
Onde está o tempo?
E o limite?
Onde está o limite?
Por um momento, parem os e-mails.
Desliguem os telefones.
Adiem as reuniões, os eventos e os encontros.
Agora, é impossível.
Suspendam as perguntas.
Retardem as notícias.
Atrasem os almoços, os cafés.
Atrasem as visitas.
Enquanto isso, recebam todos os recados, anotem os endereços.
Façam com que os relógios aguardem pacientes.
E, se não for possível, peçam desculpas.
Digam que volto logo.

(Inspire-se)

terça-feira, setembro 08, 2009


"A POESIA DE NADA SERVIRÁ SE NÃO TE TOCAR".
Cântico II
Não sejas o de hoje.
Não suspires por ontens... não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue: É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
És tu.
Cecília Meireles
Não sou alegre nem sou triste:sou poeta.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sou poeta.

domingo, setembro 06, 2009

A IMPONTUALIDADE DO AMOR
Você está sozinho.
Você e a torcida do Flamengo.
Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar.
Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser?
Amor nenhum faz chamadas por telepatia.
Amor não atende com hora marcada.
Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios.
Ele passa batido e você nem aí.
Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver.
Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans.
Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema.
Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina.
Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você.
Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana.
Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros.
Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida.
O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste.
Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.
O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.
A primeira lição está dada: o amor é onipresente.
Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados.
Ou receber flores logo após a primeira transa.
O amor odeia clichês.
Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza.
Idealizar é sofrer.
Amar é surpreender.
Martha Medeiros