sábado, junho 05, 2010

Tu que é um nós!








Chega como se não fosse uma tarde cinzenta,
Pergunta por meus problemas, quer saber cada possível resposta.
Senta-se e escuta como uma correspondência muda.
Sem aparência ou efeito de surpresa, consola-me.
Vou me despindo da arrogância humana quando perto de você estou...
Ouço suas palavras com pudores internos,
Sentimentos antes de tudo, meus.
Queria escutar música, dançar como não sei,
Gargalhar sem motivos, vislumbrar o meu deslumbramento.
Beijar minhas máscaras.
Poetas, pobres artistas mudos.
Escrevemos para não perder o estranho que nos veste,
O homem ou mulher que nos visita,
Manda mensagens secretas,
Escreve por vezes com rima,
Mas perde sua sombra ao dobrar nossas esquinas.

Somos leitores de nossas próprias revistas.
Estampamos-nos em cada novo poema.
Abraçando a liberdade com pagamentos caros.
Não sabemos classificar o amor, amizade, coisas do previsível humano.
Saberíamos muito mais se não fossemos poetas.

Tratar de sentimentos é ser a voz ativa da garganta muda.
As mãos vivas dos que não possuem membros.
O nascimento fecundado, interrompido ou já desvalido de ser sentimento.

 Cecília Tavares
05.06.2010
22:33

segunda-feira, maio 31, 2010





Quando não entendemos os medos que nos jogam em abismos, 
Quando passamos em solos sem reconhecimento prévio
 do terreno e ainda sim nos jogamos... 
Conhecemos os riscos, sabemos das profundidades, 
Mergulhamos não para ter certeza, 
Mas para encontrar as faces em que deixamos nossos sentimentos. 
Para encontrar o que nos faz sentir tamanha vontade de fazer aquele salto.
A volta sempre chamamos de realidade... 
Nossos pensamentos são lares de diversas portas. 
O meu sentimento por você é um lar de portas fechadas... sem possíveis janelas. 
Sendo assim, não procuro novas passagens.
Apenas volto para o meu constante e variável abismo.
O maior risco que estou correndo é deixar que as coisas passem,
que o sentimento não encontre suas planícies para um pouso.

Papel,caneta ou lápis.

Cecília Tavares
Hoje.

domingo, maio 30, 2010




Quando leve, escapa.
Quando sólida de tão amendoada pele, me encanta.
Quando não esconde partes,
Seu corpo aveludado exalta minha imaginação.
E de esquecimentos se deixa resguardada.
Perto de você quero lapidar possíveis falhas...
Não sei se assim posso chamar, já que, falhar é um ato combinado.
São esses momentos que nos salvam.
Salvam-nos do tédio, das risadas sem risos, do querer sem ter... Das boazinhas sem graça.
Saudosos ventos refrescam esse dia, por vezes há sol nos teus quintais.
Por sombras muitas vezes sinto teu caminhar, mas não ousaria o julgamento.
Antes de te conhecer,
Amar-te,
Antes do depois mais uma vez quero te reencontrar...
Guardar seu sorriso que dura na ausência do sol,
Na plenitude da luz,
No apagar das palavras cruas,
E me guardo como faço contigo...
Geralmente à noite. Onde você não é sombra,
Mas o gosto de todo bom sabor.

Cecília Tavares



O Eu lírico Masculino.




O Eu lírico Masculino.

Fui homem quando deveria ser menino, e quando menino fui, não soube ser.
Entre vitórias ergui casas de palhas.
Pisos assentei nas minhas estradas,
Lágrimas deixei como cimento.
Coisas honrosas e desatinas.
Coisas comuns entre vasos e moradas.
Mulheres busquei dentro de molduras desenquadradas...
Como não sei, mas gosto de escrever.
Pontuo tuas cores com madeiras coloridas,
Cascas envelhecidas e árvores germinadas.
E de fazer telas e versos vou te exprimindo...
Quero asas para alçar vôos lentos e pousar na sua antiga morada.

Cecília Tavares.
29.05.2010
20h30min