sexta-feira, setembro 18, 2009


Um passeio

As Vidas secas, não são de Graciliano.
São meus desertos rasos.
Minhas mãos secas de tantos sábados.
Minha areia fina de manhã não amanhecida, sem telhados.

Dona flor, sem amada... Que não sabe o plural das tuas estradas.

Sou a ópera do malandro orquestrada, em ritmos lentos,
Com dor e espada. Sem esquecer os canhões... Que são suas armas.
Guerra era vivida, documentada... Mas verdadeira guerra está aqui, dentro de mim...
Onde todos os dias travam batalhas.

É um querer tão solitário como o de Camões,
São as poesias de Neruda para sua amada.

Sou breve momentos de Drummond, são as ruas do Leblon.
Tão encantadoras para Vinícius, tão melancólicas para o Chico.

Sou as faces perdidas no espelho de Cecília,
Sou a poesia Canção de sua obra tão linda.

Sou Machado de Assis com suas memórias de vidas.
Sou a morte de Augusto que não carrega a brandura dos Anjos.

Sou quem sabe as musicas contadas por Ana, as belas e trágicas.
Sou o Nando e a Cássia que no bairro das Laranjeiras sorri.

Você me cheira a Clarice e Martha...
Conheceu os corredores do mais obscuro dos meus sentimentos,
Mas vivenciou comigo os mais belos momentos.

Sofreu com minhas dores.
Fez tantas outras nascerem.

Me fez morrer por vezes, em vida.
Está distante agora, como nunca esteve antes.

Vou escrever sobre mim, e acabo sempre por incluir-te.
Mas já é hora de partir.
Dedico-te essas ultimas linhas para dizer...

Eu te amo... sejas alegre ou triste, serás eternamente minha... como nunca será outra. Como única, Como a chuva que nos limpa. Como as palavras que nos tentam expressar, Como o vento que não vai passar. Como não sei mais explicar, mais se for bom, te dedico.
"

Cecília Tavares.
11h55min AM
18/09/2009.

quarta-feira, setembro 16, 2009


Poderia escrever os versos mais tristes para expor a minha dor.
Poderia chorar para secar o teu esplendor.
Poderia fazer da minha noite, uma cálida noite de prazeres atormentadores.

Mas tuas armas apontadas, não permitem tamanha audácia.

Minha tristeza não é sábia. É um querer perdido nas escadas.
Nas portas abertas e escancaradas.
Nas mãos sujas de vinho doce, com um amargo sabor de mente desolada.

O meu querer suborna minha alma.
Paga com moedas mendigadas, de amor fingindo e passível de navalhas.
Sabe as suas palavras?
Das forças que elas têm?

Não sabes de nada!

Usas de munições passadas. Contornas minha face molhada de lágrimas.
E nos teus olhos, a brandura antes vista e contemplada... Assemelha-se ao fim da morada.

Ao cais em fim de guerra.
Aos portos, fechados.
Aos terrenos abandonados.
Aos barcos naufragados.

Pergunto-me o significado dessas suas guerras,
Dessas batalhas.
Desse fino laço entre o amor e descaso.


Por fim, me indago...
Será ave podre nos meus pastos,
Ou lembrança amarga de estações passadas.

O que és desejada e amarga amada minha?



Cecília Tavares.

segunda-feira, setembro 14, 2009


"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. " [ Clarice Lispector ]
Ler Clarice é mergulhar em um universo feminino e delicado.
Sou apaixonada por esse mundo de descobertas simplistas.
Para a maioria dos homens, desvendar uma mulher é uma luta contra os seus próprios valores.
Homens não entendem as mulheres, apenas as compreendem em capítulos.
Essa minha teoria é baseada em depoimentos inconscientes, em conversas despretensiosas, e como não poderia deixar de ser, em leituras.

Você já deve ter ouvido essa frase; “Só uma mulher, para entender outra mulher.”
É uma máxima, mas é muito válida.

Somos de universos opostos. Criamos ao passar dos anos, nossos próprios “mundinhos”, como saber como é degradante ter sido mulher em épocas em que não tínhamos direito ao voto, trabalhar fora era papel dos maridos, cuidar dos filhos e da casa era aprendido ao longo das fases inicias da vida, gerar um filho, a contracepção, cuidados pré-natais de qualidade, violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, acesso a cultura, as limitações de autonomia e à integridade de seu corpo, direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação

Pior é pensar que algumas coisas mudaram, mas somos ainda vistas como inferiores aos homens.

Eu, romantica assumida e incorrigível, sempre procuro observar não só o lado social, mas sentimental em que as mulheres de uma forma geral fazem parte.
Não estou generalizando a figura feminina, até porque não teria como.

Isso é algo notório em minhas poesias.
Apenas percebo que é comum aos poetas atribuírem valores semelhantes a mulheres diferentes.

Eu entendo de mulher, dos homens sei muito pouco.
E relacionar adjetivos as mulheres, é o meu mais apurado sentido.
Sou feminista, e escrevo poesias voltadas ao amor entre mulheres.

Escrevi tanto para transmitir de forma prolixa e ao mesmo tempo concisa, * (Não pensem que tudo que parece oposto não pode estar em um mesmo contexto) a minha admiração pelas mulheres e visão superficial das diferenças entre homens e mulheres.

Leiam Clarice, leiam tantos outros escritores, ler é buscar informação e sem ela não somos completos.



Linguagem concisa é aquela que transmite a informação desejada com clareza em poucas palavras.
Linguagem prolixa é o contrário, é linguagem que usa de muitas palavras para transmitir pouca informação.

Boa semana.