
Um passeio
As Vidas secas, não são de Graciliano.
São meus desertos rasos.
Minhas mãos secas de tantos sábados.
Minha areia fina de manhã não amanhecida, sem telhados.
Dona flor, sem amada... Que não sabe o plural das tuas estradas.
Sou a ópera do malandro orquestrada, em ritmos lentos,
Com dor e espada. Sem esquecer os canhões... Que são suas armas.
Guerra era vivida, documentada... Mas verdadeira guerra está aqui, dentro de mim...
Onde todos os dias travam batalhas.
É um querer tão solitário como o de Camões,
São as poesias de Neruda para sua amada.
Sou breve momentos de Drummond, são as ruas do Leblon.
Tão encantadoras para Vinícius, tão melancólicas para o Chico.
Sou as faces perdidas no espelho de Cecília,
Sou a poesia Canção de sua obra tão linda.
Sou Machado de Assis com suas memórias de vidas.
Sou a morte de Augusto que não carrega a brandura dos Anjos.
Sou quem sabe as musicas contadas por Ana, as belas e trágicas.
Sou o Nando e a Cássia que no bairro das Laranjeiras sorri.
Você me cheira a Clarice e Martha...
Conheceu os corredores do mais obscuro dos meus sentimentos,
Mas vivenciou comigo os mais belos momentos.
Sofreu com minhas dores.
Fez tantas outras nascerem.
Me fez morrer por vezes, em vida.
Está distante agora, como nunca esteve antes.
Vou escrever sobre mim, e acabo sempre por incluir-te.
Mas já é hora de partir.
Dedico-te essas ultimas linhas para dizer...
“Eu te amo... sejas alegre ou triste, serás eternamente minha... como nunca será outra. Como única, Como a chuva que nos limpa. Como as palavras que nos tentam expressar, Como o vento que não vai passar. Como não sei mais explicar, mais se for bom, te dedico."
Cecília Tavares.
11h55min AM
18/09/2009.

