Chega como se não fosse uma tarde cinzenta,
Pergunta por meus problemas, quer saber cada possível resposta.
Senta-se e escuta como uma correspondência muda.
Sem aparência ou efeito de surpresa, consola-me.
Vou me despindo da arrogância humana quando perto de você estou...
Ouço suas palavras com pudores internos,
Sentimentos antes de tudo, meus.
Queria escutar música, dançar como não sei,
Gargalhar sem motivos, vislumbrar o meu deslumbramento.
Beijar minhas máscaras.
Poetas, pobres artistas mudos.
Escrevemos para não perder o estranho que nos veste,
O homem ou mulher que nos visita,
Manda mensagens secretas,
Escreve por vezes com rima,
Mas perde sua sombra ao dobrar nossas esquinas.
Somos leitores de nossas próprias revistas.
Estampamos-nos em cada novo poema.
Abraçando a liberdade com pagamentos caros.
Não sabemos classificar o amor, amizade, coisas do previsível humano.
Saberíamos muito mais se não fossemos poetas.
Tratar de sentimentos é ser a voz ativa da garganta muda.
As mãos vivas dos que não possuem membros.
O nascimento fecundado, interrompido ou já desvalido de ser sentimento.

Nenhum comentário:
Postar um comentário