"Existe o certo, o errado e todo o resto". Como muito bem colocou Martha Medeiros, esta é uma frase dita pelo ator Daniel de oliveira representando Cazuza, mas aplicamos ao nosso mundo, mundo de possíveis frustrações com o cotidiano, pitadas de irritações com as mudanças acorridas durante longos anos ou o arroz que queimou na hora do jantar. De pequenos acertos e erros, nos valemos dos restos. Ressaltando suas decadentes prestações de inutilidade. Somos muitas vezes quem não buscamos ser, acabamos por nos ver como não sabemos. Existe um ponto alto na loucura que nos faz amar cada letra que juntas formam o seu significado; viver sem esperar pelo resto. Viver simplesmente por ser uma condição nos emprestada, sem um cheque assinado ou telefone para uma possível reclamação posterior ao nascimento. Culpar nossos pais não vai mudar muita coisa, culpar os ascendentes deles muito menos.
Somos domadores de rédeas ainda não fixadas, comandamos boa parte de nossas ações sem muitas vezes perceber que não estamos mudando. Ficamos parados onde o silêncio suporta todo o nosso vazio.
Reincidentes conscientes das mesmas falhas. Não quero te levar comigo por ser frágil demais essa linha que nos salva(o amor sozinho não pode segurar todas as barras), mas basta olhar profundamente minhas palavras silenciadas e versos escondidos, você está comigo.
Você que na escuridão guardou meu passado no bolso, dobrou minha camiseta sem esforço, perfumou o meu sono.
Você que me beijou com escândalo, arranhou minhas costas sem ser dona, comprou minha briga por engano.
Você sabe daquelas coisas todas, das madrugadas soltas, das palavras sem sentido.
Você que me vestiu sem esperar retorno, velou meu estado de sofrimento bobo, mas não me partiu.
Respeitou todos os meus atropelos, contra-senso, falta de zelo em alguns momentos, saudade em demasia.
Você tem a senha do nosso encontro, à conta dos meus enganos, o saldo negativo nos prantos.
Você não me contou que um dia ensaiamos à dança errada, escutamos música alta demais para um encontro.
Antes de julgar qualquer decisão minha, julgue o que vivemos. E ao lembrar nossa história, reflita.
Sei que te deixei um “não saber”, também não sei completamente, mas sei o quanto estou preservando você.
Guardando cada construção sua dentro de mim.Sei também que é triste demais saber que não é essa à nossa hora,não era esperada uma hora de partir.
Não sei se tenho algum caminho para agora seguir,mas sei o quanto você é firme, decidida, segura e isso me faz ter forças...
E saiba que cada "você" dentro do texto é um "nós"...
Fica em paz, minha menina.
O fim não foi direto ao ponto e me deixou umas grandes exclamações...
Como surrupiar nossos enganos?
Como não lembrar que hoje é seu aniversário e eu fiz tantos planos?
Como não te falar que mesmo depois de tudo, muito além do resto do mundo... EU TE AMO...?
Com muito amor e profundo carinho,Cecília Tavares.

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